quinta-feira, 5 de setembro de 2019

MULHERES NEGRAS REALIZAM PRIMEIRA OFICINA DE ROTAS QUILOMBOLAS DA CHAPADA NORTE

Samba de roda, tradição que resiste no Quilombo Barra II.

Aconteceu no domingo 01/09, no Quilombo Barra II, município de Morro do Chapéu/BA, a primeira oficina do projeto Rotas Quilombolas de Mulheres Negras da Chapada Norte. 
Ao som de vozes que ecoavam canções antigas, do toque do berimbau, do atabaque, do pandeiro, da ginga da capoeira e da energia das crianças, o evento promoveu o intercâmbio de experiências, a troca de saberes e resgate de tradições culturais.
Mulheres capoeiras do grupo de Capoeira Raízes Baiana.

Samba de roda.

Inicialmente, as/os participantes foram recebidas/os com a benção e o abraço caloroso de Dona Maria Souza, matriarca do quilombo, que em seu aconchegante lar, deu as boas-vindas servindo um café da manhã recheado de sabores da culinária local.

Matriarca D. Maria recebendo as/os participantes.

Sabores quilombolas no café da manhã.

Depois da acolhida, seguiram para a oficina formativa onde foram convidadas/os a fazer uma reflexão sobre Identidade, Autoafirmação e Resistência das Mulheres Negras, por meio de apresentações e dinâmicas, mediadas por Camila Oliveira e Valber da Gama.
Partindo de um olhar interior, questionadas sobre como se veem, se reconhecem, e suas próprias histórias, sonhos e objetivos, as mulheres ajudaram a traçar uma rota pela história da humanidade, na perspectiva de reconhecer a participação das mulheres negras e o legado dos povos afros, que a história eurocêntrica oficial não registrou e da qual muitas vezes se apropria culturalmente. 

Válber da Gama, educador ambiental e militante do movimento negro.

Camila Oliveira, pedagoga e pesquisadora de história e cultura indígenas.

"Aqui aprendemos outra parte da história do nosso povo, muita coisa não nos contaram. Por que os livros da escola não destacam sobre os heróis e heroínas negros e sua cultura? Muito de nossa história foi alterada e esquecida", disse a jovem Manuela, quilombola de Barra II. 
Manuela Oliveira, Jovem quilombola de Barra II.

Também foi contada a história de mulheres negras regionais, anônimas, e outras conhecidas, mas pouco lembradas, que se destacaram em diversas áreas (na música, na política, na literatura) no Brasil e no mundo, que contribuíram e continuam na luta por direitos e resistência negra, dentre elas Carolina Maria de Jesus, Chiquinha Gonzaga, Sueli Carneiro, entre outras. 

O encontro contou ainda com apresentação do grupo de Capoeira Raízes Baianas de Morro do Chapéu, oficina prática de dança afro com a professora de axé Edna Moreira, samba de roda com Mestre Badu do Quilombo Erê e Milton do Pandeiro do Barra II, declamação de poesia e hip hop com as crianças, dentre outras.
Edna Moreira, professora de dança afro.



Deny Mário, recita poesia.
Para Dona Maria Dalva, vice-presidente da RQCN, a oficina foi um momento de trocas de conhecimento, empoderamento das mulheres, celebração e retorno a ancestralidade, importante para o fortalecimento das comunidades. "Agradecemos a comunidade que nos recebeu tão bem, aos que estiveram presentes e também aos que acompanharam pelas redes sociais. Vamos continuar nessa união, nessa luta por reconhecimento de nossos direitos e nossa história e se preparem para a segunda oficina, dia 15/09 no Quilombo de Coqueiros em Mirangaba", convidou.


Maria Dalva, vice-presidente da RQCN.

Presenças

Estiveram presentes 35 mulheres representado as comunidades de Cambueiro de Capim Grosso; Lagedo, Palmeiras e Coqueiro de Mirangaba; Malhadinha de Dentro, Campestre, Alto Alegre, Bananeira, Grota do Brito de Jacobina; Alto do Capim de Quixabeira; Fumaça de Pindobaçu; Várzea da Porta e Bom Jardim de Caém, além das mulheres, homens, idosos e crianças moradores do Quilombo Barra II e das comunidades vizinhas, militantes de associações e movimentos sociais, representantes do poder legislativo de Morro do Chapéu e Jacobina, e de Claúdio Rodrigues da SEPROMI do Governo da Bahia.
Ao centro, Zilma Oliveira, presidente da Associação Comunitária de Barra II.

Sheila Cristina, vereadora de Morro do Chapéu fala sobre a necessidade das mulheres se unirem.

Vereador Júnior de Todos de Jacobina apresenta o Estatuto da Igualdade Racial.

Eliene, cozinheira quilombola de Barra II.
Ademailton, presidente da RQCN.

Mulheres utilizaram turbantes como símbolo da cultura afro.

Apreciação e compra de doces feitos pelas mulheres de Barra II.


Mulheres da comunidade anfitriã.

Grupo de Capoeira Raízes Baiana.
Claúdio Rodrigues da SEPROMI Gov./BA, parabeniza as mulheres pelo evento.

O projeto

 Rotas Quilombolas de Mulheres Negras da Chapada Norte é um projeto promovido pela Secretaria de Igualdade Racial (SEPROMI), do Governo do Estado da Bahia, através do Edital Década Afrodescendente 2015/2025, realizado pela CODEP em parceria com a Rede Quilombola Chapada Norte (RQCN), e apoio das entidades parceiras: Atabaque, MMJ, UNEB, FEPPAHJA e CODETER-TIPD e tem como objetivo promover o protagonismo político e socioeconômico de mulheres negras fortalecendo a rede solidária entre as comunidades tradicionais do território e na Chapada Diamantina Norte.

Foto coletiva ao final do evento.

*veja mais fotos no Album Oficina I na página do Facebook da RQCN


Texto e fotos: Ascom/RQCN

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