quarta-feira, 24 de abril de 2024

Trabalhar em Rede para enfrentar os megaprojetos de geração energética

 Trabalhar em Rede para enfrentar os megaprojetos de geração energética

CONHECIMENTO, INFORMAÇÃO E ARTICULAÇÃO EM REDE


A Rede Quilombola da Chapada Norte (RQCN), com apoio da ATABAQUE (Associação Afro Brasileira Quilombo Erê) e o Fundo Casa Socioambiental, está elaborando uma cartilha online composta pelas experiências de organizações populares, articuladas em rede, no enfrentamento dos problemas ocasionados pelos megaprojetos de energias renováveis implementados no Nordeste brasileiro.

A cartilha tem por objetivo levar informação e conhecimento, por meio do compartilhamento das experiências de comunidades que sofrem com a chegada dos complexos eólicos e solares em seus territórios. Os relatos revelam uma série de abusos e descumprimentos de condicionantes socio ambientais por parte das empresas, demonstram o quanto as regiões escolhidas para a implantação dos complexos têm seus ecossistemas devastados e apontam para quadros de adoecimentos das comunidades com danos físicos e mentais.

O modelo "insustentável" de geração de energias renováveis, da forma como e onde são implementados os complexos, fez surgir uma importante articulação em rede das organizações populares e comunidades tradicionais. São comunidades que lutam pela garantia dos direitos humanos, pela proteção da sociobiodiversidade e da vida em todas as suas formas.1

No Nordeste inteiro são diversas as organizações que enfrentam esses conflitos. Contudo, foram escolhidas seis delas para compor a Cartilha - que em breve será lançada: A Marcha das Mulheres pela Vida e pela Agroecologia (PB), o Movimento Salve As Serras - SAS (BA), a Rede Quilombola da Chapada Norte (BA), a Comunidade Fundo de Pasto Boca da Mata (BA) e a Associação Sítio Ágatha (PE), além do Coletivo Nordeste Potência, que se reuniu para elaborar e lançar o documento "Salvaguardas socioambientais para energia renovável".

De acordo com Maria Rosa Almeida, coordenadora da produção da cartilha e doutoranda em Ecologia Humana, a cartilha será um manual de informações importantes para que a população possa conhecer as disparidades entre o que de fato é o projeto de incentivo à transição energética no país e como acontece na prática. Ela afirma ainda que a composição do material está em sua etapa final. "A cartilha demonstra a importância de se trabalhar em rede para enfrentar os megaprojetos, ao mesmo tempo compõe um conjunto de estudos de casos reais das comunidades atingidas. O objetivo é mostrar alternativas de organização popular diante das ameaças e dos impactos trazidos pelas chamadas energias limpas, que em muitos casos, utilizam métodos sujos", conclui a coordenadora.